quarta-feira, janeiro 07, 2009

POVOAMENTO DO VALE DO PIRARUÇU - 2

Por volta de 1532, Dom Martim Afonso deu crédito a boatos sobre minas de ouro e prata, no interior distante do Brasil, e designou oitenta homens para acompanhar os "boateiros", que prometiam que logo voltariam com quatrocentos escravos índios, carregados de ouro e prata.

Os oitenta nunca mais voltaram. Supõem-se que eles tenham morrido, vitimas de índios, talvez carijós, em um lugar indeterminado do interior do Brasil.

Este incidente lamentável é mencionado em diversos livros e manuais de história do Brasil.

* * *

- Vamos! Havemos muito a ganhar!

Havemos muito a ganhar...

Com tais palavras o capitão Duarte animava a tropa de oitenta aventureiros, a maioria portugueses, mas alguns poucos italianos e espanhóis que vinham tentar a sorte no Brasil, sob a bandeira portuguesa.

O jovem Gaspar Coelho pensava na loucura que foi acompanhar aquele índio velho, que era um antigo pajé das tribos do litoral perto da ilha de Cananeia. A ilha da Cananeia marcava o limite sul das terras americanas de Portugal, segundo o tratado de Tordesilhas, mas Gaspar Coelho não sabia disso. E por que deveria saber?

Eles deveriam então estar em terras do Rei Carlos de Espanha, mas isso interessava? O ouro seria de quem pegasse.

Mas que loucura, confiar naquele Pajé velho, feiticeiro índio, pagão, que fugira do litoral quando houve a cristianização daquelas tribos gentias... mas o próprio fato de se aventurar numa galera e enfrentar o mar, em si não era loucura? Os portugueses daquele tempo não tinham medo da loucura, e por isso Portugal era a nação mas rica da cristandade.

Havemos muito a ganhar, dizia Duarte... havemos muito a perder, também, pensava Gaspar. Quanto mais eles entravam no interior daquele estranho continente, mas ele se assustava, com a natureza estranha, cheia de flores em cores variadas, o clima cada vez mais quente e úmido, as chuvas que iam e vinham sem dar sinal, os rios de curso tão irregular.... agora ele se lembrava, o Pajé convenceu eles a comer carne de não se sabe que animal, cozida por ele com certas ervas... o Pajé caçava, cozinhava e convidava os brancos a comerem com ele... no começo, cheios de mantimentos e desconfiados, a tropa européia recusou, mas as semanas se passaram, o Pajé cozinhava o animal ( que segundo o índio se chamava "paca" ) e o cozido tinha aroma agradável, e se fosse veneno ele não comeria... então um dia, todos comeram um pedaço, e depois perceberam que tinham machado mais pelo interior do continente, dormindo, sem perceber por onde andavam... como que para não poderem voltar...

O desespero começou a tomar o lugar da ambição, e muitos teriam matado o Pajé, se não fosse ele o único que poderia guiar os europeus de volta ao litoral. Passados alguns dias, porém, o Pajé mostrou aos brancos uma pepita de ouro, e os levou até uma mina. Os brancos adoraram, mas precisariam de mais equipamentos para conseguir explorar a mina. Quem voltaria ao litoral? Eles não confiavam uns nos outros, e não sabiam como voltar sozinhos. Também não confiavam no Martim Afonso, e resolveram não contar para ele o que tinha ocorrido. Pelos cálculos de Duarte, que se instruiu com o Pajé sobre isso, seria melhor ir em direção nordeste, e chegar ao litoral em um ponto onde havia uma feitoria dedicada ao comercio de pau-brasil, onde hoje é a Bahia.

Mas na viagem de volta o Pajé simplesmente sumira, e os brancos se perderam no meio do mato.

O comandante Duarte fez os cálculos: andaram mais de seis semanas em sentido norte-noroeste, e deram com o ouro, depois marcharam em sentido leste-nordeste, para chegar ao litoral... desviaram o rumo para leste, ao litoral com certeza chegariam, e uma vez lá seria fácil se orientar.

Gaspar Coelho aceitou o plano. Podia fazer outra coisa, se era minoria, se era subordinado, se não sabia nada daquela estranha terra?

Ele andou uns dias, e começou a sentir febres estranhas, que o faziam andar sem saber bem por onde. Um dia ele percebeu que estava sozinho no meio do mato, sem nenhum dos seus companheiros. E se apavorou.

Tinha uma faca pequena e outra grande. Era pouco. Não sabia nada das plantas, nem o que poderia servir para comer, ou o que era veneno. Poderia talvez viver de caça, ele sabia fazer armadilhas, mas isso não o ajudaria por muito tempo...

Desesperado, ele julgou ver uma donzela semelhante as índias, só que mais branca que as índias que ele conhecia. A moça olhava para ele, e ria. Ele tentava alcançar ela, mas não sabia como. Era delírio, ilusão, loucura... ele sorria, pelo menos morreria ao lado de uma bela donzela que sorria para ele. Melhor que morrer junto com dezenas de barbudos malcheirosos, mesmo que fosse apenas uma ilusão.

Isso durou três ou quatro dias.

Gaspar estava tristemente magro, andando a esmo pelas matas da terra do pau-brasil, quando um dia acordou e ao lado tinha um travesse de frutas e bichos da mata, cozidos com ervas da terra. A donzela índia, que na verdade era uma mameluca, estava ao lado dele, falando em guarani, ensinando ele a comer aquilo, através de gestos.

Gaspar comeu, e se sentiu bem. Teve vontade de andar, e andou com uma disposição que a muito não tinha. Ele se sentiu grato a índia, ou mameluca, já que era mais branca que índia, era mestiça... mas a donzela sumira nas matas, e Gaspar Coelho não sabia se orientar... pelo sol, soube onde era o leste, e foi para lá, para o litoral... andou uma hora e ouviu um estranho barulho... olhou ao redor e lá estava a mameluca... ficou parada na frente do Gaspar, e ele então pode reparar no corpo dela: ela era muito bonita, cheia de curvas, ancas redondas, que deixavam advinhar belas nádegas, coxas grossas, roliças, seios médios e bem-feitos, rosto lindo, de traços regulares, cabelos negros e belíssimos, olhos azuis... sim, azuis. Poderia uma índia ou mameluca ter olhos azuis? Se fosse uma mestiça, sim, e se fosse índia, porque não? Ele não conhecia todos os índios da terra do pau-brasil, sabia que eles tinham pele morena, só isso.

Ela sorria marotamente para Gaspar, e ele resolveu ir devagar na direção dela.... de repente ela se virou e começou a correr dele. Gaspar, mesmo cansando de tanto tempo no mato, correu atrás. Ele pode ver que realmente a donzela tinha belíssimas nádegas, ela não usava nenhum pano sobre o corpo, andava nua como as índias, e ele se sentiu ainda mais tentado a possui-la por isso.

Gaspar correu, a índia correu na frente dele... de repente a índia sumira. Gaspar, desorientado ficou andando a esmo... onde estava? Bom, ir na direção do leste... com sorte, chega ao mar, e uma vez lá saberia por onde ir... foi andando um pouco e viu de novo a índia, a sorrir, a exibir os seios nus, as nádegas bem redondas...

Gaspar deu um pulo na direção dela, não a alcançou, correu, ela correu, subiu numa arvore, ela trepava com gosto e o pobre Gaspar era todo desajeitado... mas que fazer, se a índia era mais ágil? De repente ela trepou para baixo, mudou de arvore, e caiu no chão... Gaspar estava muito alto, e teve que ir rápido ao chão. O galho quebrou e ele se machucou todo.

A índia riu.

Riu alto, zombateira, marota, provocando....

Gaspar, desesperado, com um bruto ódio de todos os índios, o Pajé e a donzela, ele então pulou feito um louco, tentou agarrar a índia, mas ela escapou do desespero de Gaspar e correu na frente.

Agora Gaspar Coelho sabia que a índia estava a zombar dele. E ele não gostou nem um pouco disso. Zombar dele, um pobre exilado numa terra estranha, morto de cansaço e fome, sem nem saber como se orientar direito, exceto pelo sol... ele resolveu adiar a viagem rumo ao Leste, para só então pensar em pegar a índia. Os companheiros desaparecidos que ficassem para depois, ele agora pegaria primeiro a índia.

Ele procurava rastros dela, ia na direção dos rastros... a índia não fazia muita questão de esconder rastros, os índios tinham uma boa técnica para esconder seus rastros... mas talvez não fosse índia, fosse mameluca, como se dizia dos mestiços de índio e branco naquele tempo.... não importa, Gaspar ia pegar ela de qualquer jeito...

Ele andava, devagar mais decidido, procurando não perder a pista dela. Sequer percebia que subia uns morros, que estava em um lugar onde ninguém nunca tinha sequer imaginado, com laguinhos e morros por toda parte... a pista da índia estava ficando cada vez mais fraca quando ele a viu de novo. Ela ria para ele, zombateira... Furioso, Gaspar correu atrás dela, mas só serviu para cair duro, inerte no chão.

Então, ele ficou caído por quase uma hora. A índia se preocupou, e resolveu chegar perto para ver o que tinha havido. Será que ele tinha morrido? A índia estava preocupada, e quando chegou perto de repente, em um instante o braço de Gaspar a agarrou, forte, e a dominou.

Debalde a donzela tentou lutar, mas mesmo cansado e doente o Gaspar era mais forte que ela. Ele a dominou logo, e então a viu de perto, prestou atenção, a beleza da donzela o seduziu... não, ele tinha muita raiva dela, mas não iria machucar tão bela moça de verdade, ela precisava de um castigo, mas leve, sem que a machucasse muito...

Vendo ela tão vulnerável, Gaspar sentou-se no chão, ao lado dela, e a deitou de bruços no colo. Ela estava se debatendo, mas Gaspar prestava atenção nas belas nádegas nuas na donzela das matas. Tão redondas e tão bem feitas...ele pensou em bater nelas com um galho, mas um galho poderia marcar e ele não queria isso de jeito nenhum... então desceu a mão naquelas nádegas perfeitas: PLAFT

A índia deu um gritinho, mais de susto que de dor, mas a segunda palmada já foi mais de dor... enquanto Gaspar batia, PLAFT, PLAFT, PLAFT... a índia gritava, gemia baixinho, e se debatia, tentava escapar....

As nádegas bronzeadas da donzela, não era realmente de índias, se avermelhavam fácil... talvez ela fosse mesmo uma mameluca... mas Gaspar não queria saber, só bater: PLAFT, PLAFT, PLAFT....

Ele batia se lembrando das carreiras, do desespero, do fato de ter ficado perdido na mata... e de raiva do Pajé também... e dele mesmo, da própria ambição, que o tinha perdido naquele fim de mundo... PLAFT, PLAFT, PLAFT...

E a Donzela daquelas selvas brasileiras, ela se sacudia, se contorcia, esperneava, esbracejava.... mas Gaspar percebeu que embora batesse com toda a força do mundo, PLAFT, PLAFT, PLAFT, ela não tentava a sério escapar...

E percebeu que os gemidos não eram realmente de dor... e então, Gaspar, num rasgo de atrevimento, entre uma palmada e outra, deslizou os dedos até a vulva da Donzela, e viu que ela estava toda úmida... a Donzela estremeceu com o toque...

Também o Gaspar não tinha mais raiva da Donzela, ele também sentia o pênis muito duro... então decidiu que terminaria o castigo logo, e para finalizar resolveu dar as ultimas dez palmadas com toda a força: cinco na nádega direita, PLAFT, PLAFT, PLAFT, PLAFT, PLAFT, e cinco na nádega esquerda, PLAFT, PLAFT, PLAFT, PLAFT, PLAFT.

Ele então a ergueu do colo. As nádegas dela estavam cheias de marcas vermelhas de dedos. Ela estava chorando, com o rosto banhado em lágrimas, e Gaspar sentiu vontade de beijar aquele rosto e beber aquelas lágrimas. Ele o fez, a donzela sorriu, e o beijou também. Ela se abraçou a ele, que estava numa felicidade como nunca esteve antes na vida. As ultimas mulheres que ele tinha tido foram umas horrorosas prostitutas mouras do porto de Lisboa, e mesmo isso havia sido um ano e meio antes. Com tão fresca e bela donzela nas mãos, ela tão satisfeita em estar nos braços dele e depois de ter levado tantas e tão fortes palmadas, o português não hesitou, e transformou a donzela das selvas em mulher.

Por quinze minutos, os gemidos, suspiros e gritos da Donzela, junto com o barulho das palmadas, submetida como estava a um homem furioso, haviam violado a natureza pura daquele lugar estranho, agora as matas brasileiras ouviam os gemidos, suspiros e gritos da Mulher, sem palmadas, desta vez submetida a um homem apaixonado, violavam novamente a natureza já não mais pura daquele lugar, porque testemunha de um imenso prazer.

O português e a selvagem, cansados, dormiram um nos braços do outro, por duas horas. Quando já era o fim da tarde ela se levantou e acordou Gaspar. Ele sorriu apaixonado para ela, já não tinha nenhuma raiva e nenhuma vontade de voltar para o litoral. Ela fez um sinal para ele segui-la, ele foi, e ambos andaram devagar por alguns quilômetros.

Imaginem a surpresa de Gaspar Coelho quando viu o capitão Dom Duarte e seus setenta e nove companheiros, todos vivos e felizes, cada um abraçado a uma moça das selvas. O Pajé ria da surpresa do Gaspar, ao lado de dois homens altos e brancos. Havia também três moças brancas, e alguns moços da cor das moças das selvas.

* * *

O Pajé era o sogro de um dos homens brancos, e o leitor que conhece a saga do Vale do Piraruçu deve saber que se trata do velho Jacques Filipoux. O companheiro dele é John Smith, velho pirata inglês. Jacques tinha arranjado três moças para seus três filhos mais velhos, e o viúvo pirata inglês se casara com a filha maior de Jacques, mas ainda haviam oitenta adolescentes muitos problemáticas, que precisavam casar... mas o único homem de lá que não era parente de sangue era o pirata inglês, e este já havia pegado a irmã maior delas, em quem dava palmadas regularmente, para logo depois ter longas horas de luxuria e prazer...

- Meu caro moço - disse Jacques, naquele português com sotaque meio francês, meio guarani - eu sei que fiz mal te enganando deste jeito, e aos seus companheiros, mas minhas filhas precisam de marido. Eu estou ficando velho, e oitenta traseiros é muito para eu disciplinar...

Gaspar Coelho assentiu com a cabeça. Ele já não tinha vontade de sair dali, a paixão pela jovem esposa findara nele qualquer vontade de voltar a Portugal, o litoral não era muito melhor que o interior, naquele século XVI, e a beleza daquele lugar misterioso o fascinava. Quanto a mameluca, esposa dele, que agora ele via que era mesmo uma mestiça de índia e branco, esta estava exibindo as nádegas cheia de sinais vermelhos dos dedos da mão forte de Gaspar Coelho para as irmãs. Estas também estavam com as bundinhas marcadas, pois tinham feito o mesmo para atrair seus maridos para o Vale do Piraruçu...

- Entramos nesta do mesmo jeito que você, Gaspar Coelho - dizia Dom Duarte - minha mão ficou doendo de tanta palmada que eu dei nas nádegas de minha maravilhosa mameluca...

E desde então os oitenta que se embrenharam pelas matas do Brasil atrás de ouro são tidos como massacrados por índios desconhecidos. Mas a verdade é bem outra.

Nenhum comentário: